sábado, 29 de dezembro de 2012

Eucaristia - Sacramento de cura

No Evangelho de São João, 6, 22-71, encontramos o discurso a respeito do Pão da Vida. Jesus antecipa aos discípulos o maravilhoso tesouro que nos iria deixar: “Aquele que come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia. Pois a minha carne é verdadeira comida e o meu sangue verdadeira bebida. Aquele que come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim e eu nele” (id. 6, 54-56).
Depois de ouvirem as palavras de Cristo, os apóstolos murmuraram: “Esta palavra é dura! Quem pode escutá-lo?” (id. 6, 60b). Não foi o povo quem disse isso, muito menos os escribas, os fariseus, os doutores da lei, nem mesmo os judeus contrários a Jesus: quem disse isso foram os discípulos, escolhidos para seguir o Senhor. Aqueles que Jesus havia mandado à Sua frente, para pregar e operar milagres.
Depois do que foi dito pelo Senhor, “muitos dos seus discípulos se retiraram e deixaram de andar com ele” (id. 6, 66). Isto significa que foram embora, não acompanharam mais o Senhor. Poderíamos até dizer: este foi um momento de crise dentro do ministério de Jesus. Ele corria o risco de os perder, depois de os preparar e os formar.
Portanto, se não fosse realmente isto que Jesus estava a querer dizer – que o Seu corpo é verdadeira comida e o Seu sangue verdadeira bebida – com certeza Ele os teria chamado e explicado que se tratava apenas de uma linguagem simbólica, espiritual... Mas Cristo não voltou atrás. Era verdadeiramente aquilo que Ele queria dizer, apesar dos Seus discípulos não aceitarem.
Alguns discípulos não tiveram paciência de esperar. Se esperassem um pouco, entenderiam que o Senhor lhes daria o Seu corpo e o Seu sangue na forma de pão e de vinho, pois foi isso que Ele realizou na Última Ceia.
Diante desta situação, Jesus questionou os Doze: “E vós, não quereis partir?” (id. 6, 67). E correu o risco, desafiou os apóstolos. É como se Ele dissesse: “Eles foram embora, porque não quiseram aceitar: acharam muito. Vós também quereis ir embora? Eu não posso e não vou voltar atrás, pois é isso mesmo que vou fazer: dar a minha carne como comida e o meu sangue como bebida. Porque a minha carne é verdadeira comida e o meu sangue verdadeira bebida. Vós também quereis ir embora?”
Pedro respondeu: “Senhor, a quem iremos? Tu tens palavras de vida eterna”.
Pedro e os apóstolos permaneceram ao lado do Messias. Pela graça de Deus, nós também permanecemos com Pedro e com os apóstolos: permanecemos com a Igreja, que acreditou nas palavras de Jesus Cristo ao pé da letra: “A minha carne é verdadeira comida e o meu sangue, verdadeira bebida. Aquele que come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim e eu nele”.
Não podemos ser como os discípulos que se afastaram: acharam esta doutrina muito dura. Ou ainda, como aqueles que celebram a ceia, mas não acreditam que Jesus está realmente presente na Hóstia Consagrada, não acreditam que Ele renova o Seu sacrifício em cada Santa Missa.
Embora não consigamos entender, com a nossa inteligência, esta maravilha que Jesus fez, nós ficamos com Pedro e com os apóstolos. Permanecemos com a Igreja e professamos: “A quem iremos, Senhor? Somente tu tens palavras de vida eterna. Cremos e sabemos que tu és o Santo de Deus”.
Jesus falou em “carne” para não pensarmos que se tratasse de um símbolo ou semente de um espírito. O Senhor disse isto claramente e ainda insistiu: “A minha carne é verdadeira comida e o meu sangue verdadeira bebida. Aquele que come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim e eu nele”. E especificou bem: “A minha carne é verdadeira comida e o meu sangue verdadeira bebida”, não era apenas símbolo.
Ele deixou claro: “Eu não me dou apenas espiritualmente, Eu dou-me verdadeiramente. O mesmo corpo que foi crucificado na cruz e que hoje está diante do Pai, é o corpo que Eu lhes dou. O mesmo sangue que foi derramado na cruz, pela vossa salvação, Eu hoje vos dou, para que tenham a vida eterna e para que ressuscitem Comigo no último dia”.

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